O Município da Maia é o
natural herdeiro da antiquíssima Terra da Maia, que
seestendia, nos meados do século XIII, desde a cidade do
Porto, outrora limitada a breve espaço, até à margem
esquerda do rio Ave.
Área de grande significado político, social e militar
adentro do Portugal proto-histórico, a Terra da Maia foi
berço dos Mendes da Maia, poderosos caudilhos regionais
«portugalenses», que, juntamente com o primeiro Rei,
devem ser considerados como co-fundadores duma
nacionalidade politicamente autónoma no Ocidente da
Ibéria: Portugal.
Os Mendes da Maia, Paio e Gonçalo sobretudo, assumiam
assim, verdadeiramente, o papel de construtores da
Pátria.
Em 15 de Dezembro de 1519, D. Manuel concedeu foral ao
Concelho da Maia. Por essa altura o concelho abarcava
toda a orla marítima entre o Porto e o Ave, estendida
desde o mar até uma linha de pequenas alturas, ainda
assim destacadas das terras chãs afins, desfiada desde
Rio Tinto, pelos limites orientais de Alfena, de Covelas
e dos Bougados, nessa época, e até 1902, a sede do
Concelho situava-se no Castêlo da Maia em edifício hoje
destinado a outros fins. Desde 1986,o Castêlo da Maia
foi elevado á categoria de Vila constituída pelas
freguesias de Barca, Gemunde, Gondim Stª. Maria e S.
Pedro de Avioso.
Em 1836, implementava-se a reforma administrativa
planeada por Mouzinho da Silveira. E por força desta
acção, concebida à maneira dos figurinos da França
napoleónica, e ainda em função dos apetites de vários
caudilhos das terras adjacentes, a Maia viu-se retalhada,
e vários pedaços seus foram engrossar concelhos vizinhos.
Foi assim com o Porto; foi assim com Matosinhos; foi
assim com Vila do Conde, que terá recebido a parte de
leão nesta acção dilaceradora duma terra secularmente
unida; foi assim com Santo Tirso, um município também
engrossado com uma larga soma de freguesias; foi assim
com Valongo; e mesmo com Gondomar.
Ao longo do século XIX, mais algumas freguesias viriam a
colar-se ainda a Vila do Conde, sempre ao sabor de
condicionalismos políticos, para os quais os interesses
das populações e a história comummente vivida pouco
importou.
Adormecida durante os princípios do século XX, a Maia
viria a despertar graças, em boa parte, a um modo novo
de encarar a iniciativa autárquica.
José Vieira de Carvalho
José Augusto Maia Marques
(adaptação)